O governador Sérgio Cabral usa de sua habitual, regular e constante verborragia para classificar servidores públicos de marginais e vândalos. Foi assim com os professores e com os médicos no primeiro governo em 2007.
De lá para cá o governador Sérgio Cabral investiu profundamente na consolidação da imagem de ser agente pacificador, tolerante e habilidoso negociador objetivando reconstruir as relações político-administrativas com o governo federal.
Com este papel, o governador do Rio conseguiu mais vitórias políticas do que administrativas e econômicas que, na prática, possam ser constatadas. Isto, inclusive, é fácil de demonstrar, pois a função básica do Estado é a de prover, segundo a própria Constituição, educação e saúde universalizadas e de qualidade e, também, segurança pública. Para se ter uma idéia do medíocre nível de serviços prestados pelo estado do Rio, basta percorrer ou necessitar das unidades de saúde ou de educação, esta última classificada como a segunda pior do país.
Contudo, apesar da paciência do povo e da tolerância dos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro com o governador Sérgio Cabral, ele passa, agora, a uma ofensiva campanha pública para desmoralizar uma das classes de servidores mais dedicada, correta e disciplinada, que é a dos Bombeiros Militares. Homens e mulheres abnegados prestadores de serviços de alta relevância no enfrentamento direto de ocorrências de combate a incêndio; de catástrofes; nos serviços de resgate e de socorro entre diversas outras.
A temperatura da crise deflagrada nestes últimos dias culminando com a "invasão" do Quartel Central do Corpo de Bombeiros, há semanas já dava sinais de elevação a níveis difíceis de controlar.
Manifestações pacíficas foram feitas na cidade do Rio indicando claramente que os Bombeiros Militares buscavam uma atenção, que o próprio ex-Comandante Geral dos Bombeiros foi incapaz de avaliar adequadamente e responder como membro da força auxiliar e, não como um empregado do governador.
Esta crise nos ensina que há limites para se subordinar a regulamentos e estruturas. Estas regras importantes não podem ser usadas e confundidas como regras de aprisionamento e de escravização das pessoas.
O governador Sérgio Cabral com esta atitude mistura raízes de comando de "senhor de engenho" com a de chefe do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro. Isto viola a democracia e configura um crime contra a Constituição.
É pena termos um Poder Legislativo tão subordinado, que não possa mediar e se manifestar na defesa da democracia e do respeito a uma classe ímpar da estrutura estatal.
Por fim, quero manifestar meu total apoio aos nobres, honestos e servidores exemplares, os Bombeiros Militares e, também, a suas sofridas famílias contra a covardia de um governador capaz de jogar a Polícia Militar contra uma categoria funcional, que merece diálogo e profundo respeito, no mínimo, pela tradição de heroísmo da Corporação a que pertencem.
Termino lançando um desafio à Justiça Militar no sentido de se impor a arbitrariedade e a covardia da prisão 439 de pessoas indefesas e reféns justas e únicas de suas próprias consciências retas, que as fizeram marchar com honra pela súplica de uma remuneração minimamente adequada para retribuir a família deles, aquilo que nós usufruímos de seus inestimáveis serviços.
Postado por Carlos Dias no Carlos Dias em 6/07/2011 10:43:00 PM
Carlos Dias.
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Por que o ato dos bombeiros cria um precedente perigoso
ResponderExcluirOs bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.